sábado, 10 de janeiro de 2009

A VIDA É O GRANDE MOMENTO....

Jesus pregou uma grande filosofia: Mandou que vivêssemos, intensamente, com a alma iluminada pelos relâmpagos da beleza, o momento presente, a hora que deslisa e passa...

As palavras ungidas de amor e de perdão que ele proferiu, foram todas inspiradas exclusivamente por esses grandes e memoráveis instantes de beleza heróica e eterna. As suas expressões são de uma doçura inigualável, simples e póética. Ouçamo-las:

"Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestido? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e contudo vosso Pai celestial as alimenta. Nâo tendes vós muito mais valor que elas?

E porque ficais dessassogados pelo que vestireis?

Olhai para os lírios do campo, como eles crescem: não trabalham, nem fiam. E eu vos digo agora que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer um deles.

Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou o que beberemos, ou com o que nos vestiremos? Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã...."

Essas considerações são apropositadas, pois a civilização industrial e capitalista dos dias atuais fez do homem uma simples máquina produtora, inutilizando dessa maneira quase toda a atividade humana e sufocando no indivíduo os mais belos e generosos sonhos de idealismo e fraternalismo. O homem depois de senhor, passou a ser escravo da máquina. E os escravos técnicos, que hoje são em número de centena de bilhões controlados apenas por dois bilhões e meio de homens, acendem as nossas lâmpadas, dão vozes aos nossos aparelhos de rádios, televisão e telefones, impulsionam nossas máquinas, lançam-nos nos abismos dos espaços super-sônicos a jato, tranformando a humanidade uma imensa colméia de autômatos, numa coletividade de pistons, molas, parafusos e carburadores. E a humanidade pensa então com cérebros eletrônicos, pulsa com corações de aço, respira com pulmões de metal e veias douradas de cobre, deslisa os motores da técnica e do progresso. E a maior preocupação do homem é hoje vencer esse monstro de ferro que ele mesmo criou, e que vem se rebelando contra o seu próprio criador, provocando a super-produção nos depósitos, enquanto lá fora as multidões famintas rodeiam, ameaçadoras, os grandes celeiros da fartura a procura de códegas de pão...."

(Do livro CRISTO, O MAIOR DOS ANARQUISTAS - escrito em 1956 por Anibal Vaz de Melo)

FAMÍLIA CARVALHO

FAMÍLIA CARVALHO
Adriano/Conceição e os netos