segunda-feira, 28 de abril de 2008

SERÁ QUE SOMOS NÓS OS DEFICIENTES OU É A CIDADE A DEFICIENNTE PARA NÓS...

"...de nada adiantaria assegurar ao deficiente o direito a educação e ao trabalho se ele não pudesse chegar ao local da escola ou do emprego". (Luciana Toledo Távora Niess, in Revista Trimestral de Jurisprudência do Estado, vol.181/182)

Certa vez, em campanha política, visitei o Jaó, bairro rural considerado como “quilombola” e fiquei abismado quando percebi muitas crianças com problemas de visão. Consultei um médico da cidade e esse me disse que aquilo era problema genético.

Dias desses, andando pelo Jardim Europa, numa dessas ruas calmas, deparei com uma professora ensinando alguns desses jovens e crianças do Jaó a atravessar a rua, “de bengala branca”, aquela usada pelas pessoas com deficiência visual. Confesso que levei um choque quando vi aquela cena.

Nós, que não estávamos acostumados a isso, desde a chegada aqui do Diogo, lembram, marido da Juíza Dra. Renata, começamos a ver essas cenas, ou seja, pessoas portadoras de deficiência visual andando pela cidade sozinhas, ou acompanhadas por um cão de guarda, nascendo daí a Luz da Visão, uma entidade que cuida dessas pessoas.

Recebi essa semana da Associação dos Advogados de São Paulo a Revista Mensal com o tema: “Direitos da Pessoa com deficiência” e aí, depois de lê-la, a gente começa a analisar sobre vários aspectos de nossa cidade.

Fico a imaginar, será que os seres humanos são os deficientes ou a cidade, com seus traçados é a deficiente para nós. A verdade é que cada vez mais, o ser humano pensa olhando para seu próprio “umbigo” sem se importar com o coletivo.

Sabemos que a locomoção é, sem qualquer sombra de dúvida, uma das principais dificuldades encontradas pelas pessoas portadoras de determinados tipos de deficiência.

Itapeva, pelas circunstancias da época (segundo os historiadores foi construída nesse buraco para fugir dos ataques dos índios da época), e assim, para se locomover de uma vila para outra é um Deus nos acuda. Estou falando de uma pessoa sem problemas, imaginem uma pessoa portadora de algum problema.

Além dessas dificuldades naturais de topografia, somam-se ainda outros fatores tais como edificações mal planejadas (são raros os edifícios urbanos que não possuem pelo menos um degrau em sua entrada), além de calçadas esburacadas e construídas sem qualquer critério (muitas delas possuem desníveis entre um terreno e outro de mais de 30 centímetros).

O tema sobre locomoção urbana é muito extenso para tratarmos aqui nesse artigo, porém somente para lembrar, está inserido em nossa Constituição Federal, em seu § 2° do artigo 227 que: “Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

§ 2º - A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.”(grifo nosso)

Assim, não há desculpas para não fazermos um planejamento adequado e exigirmos do comercio, dos bancos, do próprio poder público que se atualizem e insiram nesse contexto para que todos tenham direito ao acesso à vida.

Imaginem antes de chegar aqui o Sr. Diogo e revolucionar Itapeva saindo passear com seu cão, quantas pessoas com o mesmo problema não tinham coragem de sair às ruas. Imaginem quantas pessoas com outros tipos de deficiência não conseguem andar em nossas calçadas!!!

Há muito não se planejava o traçado de nossa antiga cidade e felizmente hoje alguns cidadãos estão tendo coragem para mudar Itapeva. O calçadão da Dr. Pinheiro é um bom exemplo. Agora, apareceu um cidadão com idéias que muitos acham avançadas para nosso tempo. O Xixo, como todos o conhecem, é o engenheiro que ama sua profissão e faz dela um sacerdócio. Sei que ele planeja a cidade, mas só isso não basta, temos que incutir na mente do povo que todos são iguais e não somente perante a lei, mas perante nos mesmos. O mesmo sangue que jorra em nossas veias jorra nas veias de todo ser vivo.

Vamos planejar nossa cidade para que realmente possamos chamá-la assim, pois uma cidade não são seus edifícios, seus muros, e sim as pessoas que nela habitam. Por enquanto é só pessoal...

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Prá não dizer que não falei das flores...

"Os desvios das boas regras são tanto mais perigosos, quanto maior a altura donde procedem, e com tanto mais franqueza devem ser rebatidos, quanto mais elevada a autoridade que os apadrinhe." (Rui Barbosa)
Sinceramente falando, agora na época da temporada da caça aos votos, vamos ouvir muitas e muitas denúncias. É denúncia de esquema de porcentagens, é denúncia de improbidade administrativa, é denúncia antiga esquentada para ser ingerida melhor, enfim, o leão vai se vestir de cordeiro e por aí afora.
Mas o mais importante de tudo isso é que em tudo tem gente fiscalizando e se ninguém tem nada a perder, se tudo está as mil maravilhas, não há nada a temer. Mas o que me indigna realmente é que todo mundo sabe das coisas e guarda na manga da camisa para usar quando necessário, depois, quando o "calo aperta", vem a público e diz: "eu não sabia de nada", esquivando-se do cargo e da obrigaçao de denunciar. Eu já vi esse filme antes.
Dias atrás, numa roda de amigos, jogando conversa fora, me perguntaram se fiquei chateado com a saída do mais ilustre filiado que o PT teve. Confesso que realmente fiquei muito chateado, porém analisando melhor a situação, cheguei a seguinte conclusão, “ninguém sai de onde nunca esteve” e a culpa disso ocorrer é dos próprios petistas, inclusive eu tenho que dar a mão à palmatória, como diziam os antigos. No fundo sabíamos que não existia ideologia nenhuma e também não é culpa dele, pois não foi criado para ter ideologia. Mas esse assunto já é ultrapassado.

Na verdade não existem partidos ideológicos em nossa cidade, apenas alguns que fazem a discussão partidária. Gostoso mesmo era discutir política quando haviam apenas algumas pessoas filiadas ao PT, e haviam muitos debates.

Mas, vamos a que interessa, hoje, estão começando as articulações para uma nova campanha política, onde deveremos eleger prefeitos e vereadores, renovando vários comandos no executivo e no legislativo e aqui a coisa já está esquentando.

Nós, do PT fomos obrigados a ouvir várias vezes que: “...eu ganhei as eleições sozinho, ninguém me ajudou...”, como se não houvesse toda uma equipe por trás, como se o dinheiro ganhasse qualquer eleição, ou seja, a volta dos “coronéis” aconteceu aqui em nossa terra.

Vejo que por mais que nos esforcemos, na política nada mudou em nossa pacata Pedra Chata, pois ainda vivemos num país que não dá para não se indignar com certas atitudes de nossos políticos, lembro-me muito bem da frase que disse ao prefeito quando me despedi dele ao entregar meu cargo de Chefe de Gabinete: “..., infelizmente você sabe que ao sair do PT e ir para o PSDB você está trazendo de volta toda a classe política que sempre combateu e não tem mais jeito, agora você não manda mais aqui....” É claro que não precisava ser um profeta para prever, basta conhecer a política de nossa cidade.

É estava certo, pois o que estamos vendo agora acontecer em nossa cidade é a volta da mesma prática que combatíamos, ou seja, estamos vivendo numa cidade do "faz de conta". É um tal de faz de conta interminável. Na saúde faz-se de conta que estão atendendo bem o povo, mas o que vemos são filas imensuráveis na porta de nosso único e centenário hospital, mas é só prucurar um vereador da base que tem remédio na hora. Na área social faz-se de conta que se atendem os necessitados e se faz a “promoção social”, mas o que vemos é só “pito” àqueles que necessitam de comida, casa e trabalho, além, é claro de se utilizar do “bolsa família” e dos programas do governo federal e estadual para mostrar serviço, pois não há qualquer projeto que realmente faça “uma ação social”.
Sempre acreditei nos homens, porém com certa desconfiança, pela razão de sermos "seres humanos", portanto sujeitos a erros, as vezes voluntários, as vezes não. Acontece que o mundo muda num piscar de olhos, ontem tinhamos um "sociólogo" na presidencia da república, hoje temos um "operário", quem sabe amanhã teremos uma mulher. A vida continua e o mundo gira, graças a Deus.
Enquanto isso, na terra de Pedra Chata, se digladiam os vereadores querendo cada um ficar bem na fita. Uns, "governistas" que são, fazem sua campanha na surdina, afinal, ganhe quem ganhar estará no outro dia sentado ao lado do "pai" ou da "mãe", quem sabe. E a história continua, até que surjam novos homens querando governar Pedra Chata, ou quem sabe um mulher. Por enquanto é só, pessoal...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

S.O.S Pilão D'água

“O que faz as cidades são os
homens, e não suas muralhas e seus
navios”. (Tucídedes, 460-399 a.C.)


Na campanha política passada muito se falou em cuidar da qualidade de vida do povo. Dizia então o candidato a prefeito Luiz Cavani que: “Sou engenheiro Civil por formação, mas em meu governo não será de grandes obras faraônicas e sim da busca de qualidade de vida do povo”.

Muita coisa mudou em nossa cidade, porém, nosso prefeito sempre dizia que em vez de queimar “rojão” mostrando seus feitos, preferia gastar o dinheiro com o povo, razão pela qual existem algumas obras que não aparecem como deveriam.

Lembro-me quando morava na Vila Aparecida e tinha que passar pelo córrego do aranha para ir almoçar. Confesso que perdia a fome só de ver e sentir o cheiro daquele esgoto a céu aberto ali existente. Quem passa por ali agora pode sentir um novo cheiro no ar, se bem que ainda um pouco poluído, mas já mudou muito.

Agora, é hora de pegar firme no prolongamento das obras, passando pela ponte da rua São Pedro e descendo até o Pilão D’água, eliminando de vez aquele esgoto ali existente. Sabemos que sempre as obras ficam a cargo do município mas pensando bem, ficamos a questionar sobre o que a SABESP faz em nossa cidade.

Ora, pagamos todo mês em nossas contas um tratamento de esgoto e o que é o tratamento de esgoto senão a limpeza também desses córregos. Ou será que somente pagamos para usar os encanamentos da SABESP para levar nossos esgotos até a estação de tratamento?

Sabemos que existem muitas casas de veraneio junto a nossa represa do Pilão D’Água que destinam seus esgotos domésticos na represa. Pra que serve essa represa senão para nos fornecer água potável e aí, muito embora a água seja tratada, ficamos a imaginar se essa água é mesmo potável, se podemos beber ou não.

Há muito tempo atrás escrevi em muitas lutas por lutar, ainda na Folha do Sul, artigo questionando sobre esses esgotos jogados em nossa represa. Não obtive resposta alguma da SABESP, somente alguns telefonemas mandando-me calar a boca.

Hoje, já se passaram alguns anos e novamente volto a tona, pois só de ver o Pilão D’Água de hoje e o de ontem dá tristeza em qualquer cidadão.

Não estou pedindo nenhuma sanção ainda, mas uma ação por parte de nossos governantes junto a SABESP, afinal, a concessão dos serviços não é de graça, há muito dinheiro envolvido e o mínimo que se pode fazer é mostrar serviço.

Aliás, nosso pais está cheio de órgãos de defesa do meio ambiente com seus técnicos atrás das mesas carimbando papeladas e uma fiscalização somente é feita por esses órgãos quando aparece na telinha de algum canal de TV ou coisa parecida.

Sabesp, Ibama, Ministério Público, Cetesb, ANA - Agência Nacional da Água, Prefeito, Câmara Municipal, Planeta Terra, Bispo, Padres, Pastores, homens de boa vontade, enfim, alguém nos ouça, o PILÃO D’ÁGUA está morrendo....e os esgotos a céu aberto continuam... É hora de dar mais qualidade de vida ao povo....

Eleitor Pidão


O TICÃO é uma pessoa folclórica na cidade, morava na Vila Aparecida e apesar da pouca idade, um rapagão de uns trinta e poucos anos de idade, magro, não esquelético, mas magro, de estatura mediana, moreno, puxando mais pra negro do que pra branco. Seus cabelos, encaracolados, quase carapinhas, vivia contando piadas. Sabia todo tipo de piadas, era só pedir e logo Ticão lascava uma boa que fazia todo mundo cair na gargalhada. Era só gente com a mão na barriga de tanto rir. Conta-se que esse fato é realmente acontecido na cidade de Itapeva. Lá na Vila Gomes, loteamento feito pelo saudoso Arlindo Gomes, hoje chamada Vila Aparecida, onde hoje está aquele esqueleto de construção que antes abrigou o Centro Comunitário da Vila, palco de grandes bailes organizados pela SAVA – Sociedade Amigos da Vila Aparecida. Bem, apareceram vários candidatos a vereadores e um deles, de “muleta” devido a problemas causados na pequena idade, pregava a todos que a paralisia infantil deveria se combatida a qualquer custo, as mães deveriam levar seus filhos ao Posto de Saúde para a vacinação, enfim, pregava a favor da saúde do povo. Sem “santinho” algum (aquele retrato com nome e número do candidato). Só atacava de conversa, tentando convencer os eleitores. De repente é abordado por um eleitor, e quem é ele, senão o Ticão que chegou na intenção de faturar qualquer coisa do candidato.
- Ô cara, cê é o .....?
- Sim, sou eu mesmo.
- Me dá um trocado aí, cara...
- Não tenho, saí de casa apenas com o dinheiro da condução.
- Tem uma camiseta aí, pode sê da campanha.
- Não, eu não tenho nenhum material de campanha.
- Um vale gás ou vale transporte, quarqué coisa serve...
- Sou pobre, meu, dou duro o dia inteiro e ainda arrumo um tempinho para vir fazer campanha.
- Pô, cara, então me dá um cigarro..
- Não fumo cara...
O candidato já estava ficando irritado, explicando que somente estava fazendo campanha por ideologia e ai Ticão laçou a última:
- Ô cara, ce num tem nada a oferecê prá nóis, mas o que é isso aí que cê ta segurano.
- Ora, é uma muleta, eu tenho problemas de saúde.
Querendo levar vantagem a qualquer custo, Ticão então fez seu último pedido:
- Õ cara, antão deixa eu dá uma “vortinha” nisso aí então.....
Lucy Martinelli

FAMÍLIA CARVALHO

FAMÍLIA CARVALHO
Adriano/Conceição e os netos