sábado, 26 de setembro de 2009

É ESSE O PSDB DE NOSSA REGIÃO?

Máfia do jogo quer dominar Câmara

Bandidos financiaram campanhas em 2008 e se preparavam para eleger vereadores, deputados e prefeitos

(por Bruno Tavares e Marcelo Godoy)
A cúpula da contravenção paulista quer dominar a Câmara Municipal de São Paulo, ter o prefeito da cidade na mão e eleger deputados estaduais e federais. Tudo isso para ver o sonho da legalização do jogo realizado. Em meio a reuniões em que os chefes comparecem armados com pistolas calibre 45, ao lado de capangas, os dirigentes da jogatina paulista discutiram o apoio a candidatos nas eleições municipais de 2008, quando elegeram alguns de seus "parceiros".

Os bicheiros, bingueiros e donos de caça-níqueis se estruturaram em torno da Associação Força Paulista, a exemplo do que fez a contravenção carioca. A sede da associação serviu de comitê eleitoral para um candidato a vereador em 2008. No ABC e em Iaras (SP), a contravenção comemorou seu desempenho nas urnas. Em Itapetininga, o grupo do contraventor Nitamar Bernardino da Silva apoiou Marcelo Nanini (PSDB), eleito vereador, e o candidato a prefeito Ricardo Barbara (PSDB), derrotado na eleição. Barbara foi duas vezes prefeito da cidade e é ex-secretário da Habitação de Sorocaba.

Barbará teria recebido 4 mil litros de combustível por semana de Nitamar, que dominaria o jogo em Sorocaba e em Ribeirão Preto. Depois das eleições, em 16 de outubro, o vereador Nanini telefonou para Nitamar. "Fala, meu parceiro", diz o vereador. Então recebe de Nitamar os parabéns pela vitória.
Ao Estado, o vereador disse desconhecer Nitamar. "De nome eu não conheço. Tenho loja de som, mais de 5 mil clientes. Pode ser que eu tenha falado com alguém que estava me devendo." O Estado procurou Barbara, mas não o localizou. Nitamar teve a prisão decretada pela Justiça há duas semanas, mas está foragido.

As investigações dos policiais de Sorocaba ainda não identificaram quem era o "vereador da contravenção" em São Paulo. O plano da associação era "trabalhar nos próximos quatro anos" para "colocar um porcentual bom" de vereadores na Câmara Municipal de São Paulo. Em conversa de 11 de setembro de 2008, Nitamar diz ao bingueiro Orlando Nagata que o grupo deve "trabalhar politicamente com inteligência, como em Goiânia (GO)". Em seguida, afirma que só assim terão condição de "falar com o prefeito de igual para igual".

Eles demonstram insatisfação com dois deputados (um estadual e um federal) aos quais um dos bicheiros se diz ligado e discutem o apoio a um candidato à Prefeitura em São Paulo. Afirmam ter 1 milhão de votos: "Faremos quantos deputados a gente quiser e, envolvendo a Prefeitura, o domínio será total. Ou beija a mão e diz amém, põem o que a gente quer, ou o caldo engrossa", diz Nagata.

No mesmo dia, Nitamar expôs o plano ao colega Dimas Incerti. "Nós queremos legalizar o nosso negócio." Nitamar usa o PT e a Igreja Universal do Reino de Deus como exemplos de como deverão se comportar os vereadores da futura bancada do jogo. "Ele (o vereador) vai ter de passar pela comissão, pela cúpula, pra nós explicar pra ele, que nem o Edir Macedo explica, que nem o PT explica pros seus vereadores, prefeitos e deputados: Vai deixar cinza aí, viu, maluco. Entendeu? (sic)". "É isso aí", responde Dimas.

FAMÍLIA CARVALHO

FAMÍLIA CARVALHO
Adriano/Conceição e os netos